Olá, o meu nome é injustiça, daqui não saio e daqui ninguém me tira...

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Ora aí está um facto honesto por excelência. Estou honestamente farta destes senhores e destes humanos (quero eu dizer todos).
Espancam, matam, violam, e deixam os seus lados pobres, os seus lados nojentos, concurscarem os corpos e as faces daqueles que têm tudo para ter um futuro equilibrado. Estragam, em última análise. Oh que ingenuidade e patetice, pensará quem ler isto (se é que alguém lê). Deixem-me assegurar-vos que vos falta um bom esperma indesejado na cara, ou belas e expansivas marcas na coluna, ou queimaduras, ou mesmo um cadáver, para vos explicar o mesmo que eu. Se vos quereis conformar e dizeis coisas deste genero a vos mesmos e aos que vos rodeiam, isso é convosco, e vos desejo por isso as maiores infelicidades e agonias. Porque tanto a besta como a vítima estão limitadas á sua condição, mas vós, os atentos espectadores do teatrinho horrível, escolheis fechar os olhos à vossa própria incoerência. Sois justos, sois os melhores. Mas nunca agis de forma justa ou da melhor. Olhai-vos ao espelho, vedes glória, vedes magnificiência. Eu vejo podridão e dejectos nos vossos rostos. Poupai-me à vossa existência, sou eu que como espectadora das vossas existências fecho os olhos, a esse espectáculo de horrores.
E neste, onde a injustiça tem o papel principal, eu ergo-me da plateia e vou participar na peça também, ou por-lhe um fim, recusando-me a sequer considerar as vozes que me ordenam "senta-te e cala-te"...

Ingénua? Nova? Patética? Luto por causas perdidas?

Não, senhores, as únicas causas perdidas são vós próprios, os que achais que eu luto por causas perdidas...

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