Cronos e a Morte

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Como lidar com a morte? Com o tempo em última análise? Sou animal irracional. Não consigo perceber tal coisa. Não consigo perceber aquilo que existe e depois desaparece. Sinto-me revoltada comigo mesma por não perceber. Para não ajudar, vi o penultimo filme do Coppola pai, o Youth without youth, salvo erro. É muito bonito, é uma reflexão também sobre o tempo... Acho. Cronos, o pai que devora os próprios filhos. Começa a haver demasiada morte à minha volta. Um dia, ainda desapareço. Simplesmente meto-me num autocarro para parte incerta e nunca mais ninguém me vê. Louca por cumprir esse desejo e simplesmente fugir às coisas que desaparecem, fugir às despedidas, fugindo delas, e transformando as coisas que morrem nas memórias intemporais que tenho delas, em pequenos tesouros. Eu não sou capaz de viver isto. Não tenho ninguém com quem falar sobre isto. Não consigo não entrar no buraco sozinha. Não consigo sair dele sozinha. Vou morrer e enlouquecer no caminho. Ninguém compreende a incompreensão que tem da morte enquanto não olhar para ela e perceber que não a compreende. Se calhar, não fui feita para viver porque não fui feita para morrer.

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