Faça-me o obséquio...

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Hoje utilizaram esta maravilhosa expressão para me pedirem algo. Fiquei radiante. É uma expressão adorável que não percebo porquê entrou em desuso. O Camilo gostava muito. Mas é melhor que não fale em Camilo: estou a chegar ao fim dos Mistérios de Lisboa. Não sei se hei-de chorar por ser uma obra tão exacerbante, se por acabar tudo em bem, se por simplesmente acabar. O Camilo dá uma dimensão tão infinita e contínua, tão intemporal às obras. Nos Mistérios de Lisboa ele faz analepses e prolepses, começa a contar a tragédia de uma personagem, de uma geração de personagens, aliás, a meio da tragédia da geração que a antecede. É como se fosse o senhor master do tempo, que controla toda a narrativa com despotismo, e nos atira a nós, leitores, com um puxão asmático de sentimentos, para trás, para a frente, para onde ele bem entender no tempo. O Camilo é Deus, e certamente é o meu Deus literário. Faz-me sentir e faz-me sentir viva, desde o momento em que abro o livro na página marcada, com a sofreguidão e o desejo deveras assaz de quem exprimenta algo novo. Ler é a eterna falta de consolo. Todas as palavras são novas num livro. E há milhões de livros no mundo. É uma tarefa infinita, e infinitamente orgásmica.

Mudando de tema:
Estou numa turma maravilhosa. Entenda-se, não considero as pessoas da turma perfeitas. Mas observo os seus comportamentos, como bicho estranho que não se quer envolver, com tanto medo de estragar, como dizia o outro (o outro aqui é uma autoridade, que não se entenda isto como depreciativo porque não o é). E vejo coisas bonitas, que me agradam. E não me refiro apenas ao facto de se organizarem e oferecerem prendas às pessoas da turma, e pelos vistos estão a planear fazê-lo a mim, mas a uma data de outras pequenas atitudes, pequenas palavras, gestos, etc. Tenho de começar a quebrar o meu gelo, e a dizer e fazer coisas melhores. Não ter medo de tocar, não ter medo de dizer. Há pessoas muito bonitas na minha turma e não tenho dúvidas disso. As pessoas com quem me dou mais não são as únicas pessoas bonitas (e estou a falar de beleza interior) mas apenas aquelas com quem eu já me sinto mais à vontade, num período da minha vida em que me é difícil estabelecer contacto com o desconhecido, esse contacto desinibido de preconceitos, e de montes de expectativas positivas, uma data de coisas que em psicologia são muito valorizadas, e de que eu quero saber tão pouco.[E tudo isto foi uma frase] (Mas ajo).


Tornei-me uma espécie de cobarde emocional e epicurista. Espero honestamente que seja só uma fase, já não aguento mais desta adolescência sempre problemática. Doi-me sempre o orgão social, e a solução nunca passa pela exclusão deste do organismo.
Claro que não. Tal é impossível, como autista, besta e deus que não sou. Isto lembra-me que: A Vanessa é ninguém. Ninguém é perfeito. Logo, a Vanessa é perfeita.
Pequenas brincadeiras (i)lógicas...
Hoje apercebi-me que se morrer amanhã, me arrependeria de não ter olhado nos olhos castanhos, como duas afirmações impetuosas de que existes, por vezes tristes, por vezes meigas, mas ainda não as vi agressivas, e ter-te dito, entre sorrisos infantis e bolas de sabão meio cheias: AMO-TE.

E pior: tomo-te como preconceito negativo. Tomo-te a ti, e a mim, tomo tudo aquilo que serei e fui, e sou. Como tempo esquizofrenicamente desordenado.

"Amor é Flor que arde sem se ver" - e foram os lábios da hazelnut eyes que o disseram. Possíveis reacções da progenitura: "Já não basta seres gótica, agora também és lésbica!!!" {desespero}


Mas não há preocupação, para que eu assuma uma relação com a hazelnut eyes, tenho que a ter primeiro :P

Agora à noite, às nove e meia, vou ver um filme de animação do Miguelanxo Prado.
Estava equivocada, achava que o filme era português, afinal é espanhol. O Miguelanxo Prado é certamente um dos génios internacionais de BD. Acho-o genial, sobretudo no que toca à secção de eróticos, mas não só, o erotismo parece ser um tema recorrente mesmo em trabalhos não eróticos dele.

É um filme de animação composto por 10 000 pinturas a óleo. A ÓLEO. Não tem falas, apenas música composta para o efeito.

O preço: é gratuito. No antigo cinema ALFA.

Torres Novas é de facto uma cidade excepcional, em termos culturais, e em termos de natureza, para a quantidade de população que tem, e o a importância que a população que existe dá a essas duas coisas. Deus, são poucas as pessoas que têm dentes, mas eu tenho, e agradeço-te por este festim cultural e de natureza que me puseste na mesa, que deus te pague a ti, ó deus, que eu estou tesa, como disseram hoje.

Para quem quiser, há também o filme "Berlim" no Teatro Virgínia, que trata acerca do albúm desgraçado de Lou Reed, suponho que com o mesmo nome, com uma conversa informal após o filme, acerca o assunto que terá sido tratado depois no filme. Sou uma ignorante em termos musicais, e ainda não sei se hei-de ir se não, a qual hei-de ir. É que o De profundis está no cinema alfa até dia 11. E é gratuito na maior parte dos dias. Decisões, decisões...

Custo do "Berlim": 3€

Assim, não sou capaz de me decidir...:S

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