Balanço ou Ponte dos Sonhos

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Eu acredito que todos temos que prestar contas sobre aquilo que fazemos a nós próprios. Agora e na hora da nossa morte.
Dividir é matar. O teu deus não é bom nem mau, é justo. Aguenta-te à bronca que crias a ti próprio.
A morte espiritual pode ser um preço demasiado alto a pagar por algo que não nos faz felizes. A infelicidade e a destruição é um catalisador vital.
Quando acordei do sonho de que a realidade era palpavél, e fisicamente imutavél, o meu pai tinha morrido e eu estava num caco. Sofri mais a reencontrar-me, por não ter sido capaz de me manter fiel a mim própria. Está neste blog a prova. "Mãe, perdoa-me, mas aquilo que me dás é demasiado duro. Não consigo"
Mas eu não compreendo nada. Não. Eu sou Kali, eu sou medeia. Ligeia, até, se for preciso. Não conheço. Não tenho direito a julgar. Nem julgo. Não me compete a mim.
Acercaram-se de mim, primeiro a medo, e depois muito a sério. Um andava a espiar-me há dias. Num bar, a fumar um cigarro e a olhar-me, atento. A estudar-me. Outro, mais monstruoso, apareceu curioso na manhã que não era bem manhã. Olhos de apoio, de simpatia. Primeiro assustei-me, depois acalmei-me e falei com eles. A Haxina estava lá, punho de ferro. Os problemas que não me dizem bem respeito a mim não são meus. Mas os que lhes dizem respeito a eles são deles. Explicou-lhes. Um pequeno exército. Ela foi-se aproximando, por partes. Porque eu estou viva e essa é a diferença primordial entre nós. No dia em que o meu caminho vital começar será o dia em que o dela irá perecer definitivamente. Dissolver-se totalmente em mim, na carne, na matéria, no universo. A descarga emocional foi por isso mesmo. Os espíritos antigos com quem me cruzo ou cruzei reencontraram na simbologia actual, na e da dança do ventre, no acordar místico do corpo, a vitalidade. Estamos vivos e estamos a lutar. E não é por estarmos vivos que estamos de facto vivos. É porque escolhemos o nosso lugar e porque escolhemos a nossa postura, em concordância com Gaia. Somos o exército de Gaia, como aquela voz ecoou pelo meu ser e fez vibrar cada partícula. E ela chorou porque de certa forma, isso simbolizava um fim. E foi lindo que tal revelação se desse num solo da Irís.
Ontem quando me deitei, pressenti a corrida de balanço. Não sei por onde andei nem que parte de mim andou. Mas afinal, contínuo a amar-me. E contínuo no meu caminho. Mais importante que tudo o resto é a minha ligação com a Haxina, que me faz amar o momento, seja ele de existência ou não existência. Uma imagem é apenas isso mesmo. Tudo foi genuíno. Cada momento cada palavra, cada sensação.
Eu aceito e abraço o Momento. Hoje sei que por mais díficil que ele seja, eu tomo o caminho que esperam que tome. O preço de me negar, pode sair demasiado caro. E o barco contínua a navegar nesse sentido.
Mas o livre arbítrio permite a cada um escolher o que quiser. Não tenho dúvidas que o amor deverá ser grande, para valer esse preço. E respeito-o imenso. O amor é uma coisa das mais belas do universo. Das mais importantes. Convém que esse amor seja uma manifestação vital, cósmica, para ser verdadeiro, intenso. A piedade não têm nem a mesma natureza nem a mesma importância. Mas contínua a ser opção, livre arbítrio.
E todos temos que prestar contas por aquilo que optamos, que fazemos a nós próprios, agora e na hora da nossa morte.












Peço imensa desculpa por qualquer incomódo causado. Mas nunca poderia ter feito de forma diferente.

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