Segredos da Culinária

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No meu coração,
As cerejas implodem, fica um líquido visceralmente vermelho que pulsa em todas as direcções, numa dimensão física e temporal.
Percebo agora as profundidades do que estava oculto em mim
Que agora vive por si
Como um parasita monstruoso, com linhas vagamente agradavéis.
O meu desejo era que esse líquido escorresse
Pelas encruzilhadas da nossa árvore
E ao escorrer se transformasse em garras
Que nos agarrassem sem qualquer perspectiva de nos arranhar.

Sou medusa, sou medeia, sou um cão negro
(na berma da estrada), um caleidoscópio, o reflexo daquilo que amo em mim.
Mas do outro lado do espelho vives tu,
Tão real e concreto que me rouba as palavras, as muralhas, as âncoras.
Vivo no abismo à beira do teu conceito
E em vez de caír, danço, qual racha virtuosamente fértil de onde brota vida.

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