"Poesias Caóticas"

| |
II - Viagem ao futuro: Simulação de voo

Gulbenkian.
É noite, uma noite cheia.
Dois amigos, duas personalidades de que jamais me arrependerei.
Não sabem, mas olho-os e vejo-os mortos. Por momentos, quase me decido a dizer-lhes para deixarem a cidade e fugirem, ou planearem fazê-lo. Ou simplesmente que vão morrer mais cedo do que julgam. E logo me perco no silêncio: será ético tal feito?
Calo-me e de mim não ouvem nada, apenas algo que talvez os console, ou me console a mim, que no momento final se lembrem. Que somos todos um e eles são parte disso, e não é certamente uma ilusão temporal e espacial que nos separará.
Caminhamos, depois de um ritual de quase comunhão uns com os outros.
Descemos degraus.
Subitamente, no negrume da noite, nas sombras, nas doces sombras, surge um prego, algo cravado que me espreita.
Lurking.
Sei que me vou magoar. Olho para a frente, procuro-o, pronta de antemão, o sangue gela nas artérias e espero-o, o mal que me há-de vir.
Tropeço.
Olhando para o mal que há-de vir...
Descuidei os degraus debaixo dos meus pés.

E o resultado final, produto de uma intemporalidade circular, de um lapso einsteiniano: Uma inequívoca queda.

0 comments:

Post a Comment