"Poesias caóticas"

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II - Viagem ao futuro: Descolagem

Encho os pulmões com ar, ainda me arde o desespero nas veias
Nunca vi o futuro,
E acabaram de me roubar a inocência.
E com ela foi a lógica, a réstia de auto-estima
Hipotéticas consequências de violações, ninguém sabe muito bem do quê
De mentiras e ilusões, ou de mentiras e ilusões que começam
Uma moeda de dois lados, Um que me espeta, Outro que me poupa
Sonho, ainda, mas tenho Pesadelos, guardados em gavetas como certezas
mas gavetas que são sempre derrubadas pelo mesmo vento,
O vento que entra e derruba tudo e me parece senhor do mundo onde está a casa
Que não é minha, é arrendada, e não pareço ter como pagar a renda.

Algo que não pedi acontece.
Junto com aquilo que me rouba a alma em segundos e me faz desmaiar em frente de todos
O sangue que coço no braço, os buracos que abro em mim mesma com as unhas
Nunca descanso, Nunca páro, Nunca consigo perceber
É então que vejo.
Um número primeiro, estranho-o, de muito que vejo, números são raros
Uma idade
É minha
Dezoito anos.
Tinha dezoito anos, fico a saber, quando a história se passou.

II - Viagem ao Futuro: Sobrevoando

O mestre regressa, cheio de certezas, de certezas de inseguranças, suas, das suas forças, a conversa é sempre a mesma, nunca muda, e aborrece-nos, imenso, muitíssimo,
Alguém que chega e pousa os cotovelos na mesa para pedir o mesmo do costume, como sempre, e nós como empregadas que somos, servimos, mas esquece-se que o serviço funciona para os dois lados, e na realidade quem tem a bebida somos nós e não ele, criatura descuidada.
Tirando a rudeza da sua aproximação, ela é feita, qual o sentido disso neste momento passado que é o presente, em que ainda desmaio porque sem ela não consigo viver e onde está ela, quem ma roubou ou tentou fazê-lo, onde a guardei?
Isto que vejo não é um intruso na minha terra, é uma terra de intrusos onde eu caminho, sem compreender patavina.
Aproxima-se e quer-me, mas eu não o quero, não, eu sou senhora e eu levo-o onde quero e ele sabe-o, e se não for a lado nenhum, a lado nenhum irá.
Outro rosto surge, embora incompleto, outro surge com um grande sentimento, um grande sentimento ligado a ele, transborda de mim, mas quem sou eu nesta terra de intrusos, questiono-me?
Já não estou na faculdade, já nada me faz sentido, e a rotina, os planos, o que sempre me foi porto seguro na imensidão da esquizofrenia?
Mas nada, não compreendo o que nos afastou, a mim e ao homem sem rosto.
De novo eu e o mestre, aliamo-nos, aliados sim, será essa a palavra certa e ele sabe-o também, apesar de desta vez ser ele o iludido, muito nos iludimos nós.
Mas? Que terra de intrusos, vejo uma noite fugaz, um encontro um Erro, e um Erro grande, Grande, Muito Grande...Uma criança, o ventre inchado é o resultado de um erro que não tenho qualquer intenção de cometer, não compreendo eu como posso ser tão intrusa em terra de intrusos?
Uma menina, tem os cabelos castanhos e os olhos castanhos, parece só ter herdado a inteligência da mãe...?
A menina faz dois anos, mas já são três de sofrimento para a mãe, que é a intrusa que sou eu em terra de intrusos. A mãe ama-a muito, aprende rápido o que é amar sangue do seu sangue, percebe rápido o que é ser Mãe, algo que já lhe corria nas veias desde a sua criação, Mãe que coloca na Filha a Semente de Ser Mãe.
Algo muda.
O homem sem rosto volta, com a sua paz, a sua bondade, a sua esperança, e tudo aquilo que mantem de bom durante todo o tempo, mas desta vez a união, o nó que é dado, (desta vez a três) não é devolvido. Não é passível de ser cortado.

E uma nova era começa para a intrusa que vive em terra de intrusos, essa Mãe, essa estranha que renasce feliz numa vida que não é minha, e no entanto,

Sou Eu.

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