Cliché: Somos felizes, egoístas, materialistas e conformistas...

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Actualmente,o que é mais valorizado pela sociedade, quando se trata dos atributos individuais de uma pessoa, já não é a vida, conduta moral nem atributos intelectuais ou do carácter da pessoa, mas sim aquilo que ela possui. Esses atributos podem servir de mera ferramenta ou utensílio para atingir o verdadeiro reconhecimento social: a posse de muitos bens. Aliás, é através dessa forma que os indivíduos são recompensados pelas suas acções - através da posse de muitos bens. A sociedade em que vivemos alimenta-se do consumo baseado na compra ou apropriação de bens, valorizando mais a aparência do que a existência. Qualquer mercado, como o da indústria dos cosméticos ou de vestuário fomenta o consumo e alimenta-se dele (tendo por isso uma dupla natureza constante). Esse fomento do consumo é feito instigando as pessoas a valorizar mais a aparência (e quando digo aparência não me refiro apenas à física, mas à aparência de felicidade, de alergia, de fartura, etc...) Tudo é descartável e o predomínio de estilos de vida sedentários, sem capacidade de iniciativa, exprimem muito bem o infortúnio em que caiu o valor da existência relativamente ao valor da aparência de que se existe. Pouco importa o que fazemos, desde que tenhamos o último videojogo e o um BMW. Aparentamos ter muitas coisas (coisas essas que só servem para nos distraír o intelecto, desviar a nossa consciência, calá-la com as gargalhadas do entretenimento gratuito. Uma consciência que nos contradiz as acções é incomodativa e deve ser silenciada...) e por isso somos bajulados e lisonjeados pelos nossos semelhantes, tão sedentos de distraír o intelecto como nós. Conclúo portanto, que vivemos numa sociedade (mundo ocidental), que para além de sobrevalorizar a aparência, desvalorizou completamente a existência... São os irracionalismos fashion do século XX e XXI. Caminhamos para um niilismo absoluto, onde a única coisa que nos mantém vivos e dá sentido à vida é a apropriação de bens, a procura incessante por um consolo (meta)físico que não está no consumo, e por isso a procura é cada vez mais incessante e desesperada. A única pergunta que resta mesmo é: "Para que dia marcamos o Apocalipse?" (Sendo que eu se não passar ao próximo nível num jogo qualquer acabado em ivon e se não vir o próximo filme do crepúsculo... não serei capaz de falecer sem fazer essas coisas, que preguiça...)

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